segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A cultura popular brasileira vista através da filatelia.

Música popular
brasileira.

     Modalidade de produção musical o qual envolve variados fatores determinantes. Entre eles, podemos citar como sendo os mais importantes, os contextos étnicos, históricos e socioculturais os quais deram origem a modalidade, somando ainda a estes, o ponto de vista da nacionalidade de determinada produção musical.
     A definição mais exata, deve assim portanto, partir das características da música popular frente as demais modalidades da produção musical, como a erudita, a folclórica, entre outras, mesmo que muitas vezes, os limites destas categorias sejam mescladas em várias obras musicais de gênio. A música erudita, às vezes, é composta ao sabor das tradições populares ou folclóricas. Assim, com o emprego de arranjos mais complexos e técnicas orquestrais, os elementos eruditos podem ser incorporadas à diversas produções da música popular. Uma precisa explicação que possa definir às questões nesta abordagem seria: a música popular é a música que, sendo composta por autor muito conhecido, encontra-se propagada, com maior ou menor extensão, em uma coletividade e todas as suas variadas camadas sociais. Tal explicação foi feita no ano de 1954 pela representação brasileira no Congresso Internacional de Folclore, e remetia de forma direta à questão da Música Popular Brasileira.

Selo comemorativo da série alusiva a Compositores
Brasileiros. Homenagem a Villa Lobos.
Data de emissão: 26/04/1977.
Tema: Compositores, músicas.
RHM: 979.
Mint.


Selo da série Motivos Populares. Música Popular.
Data de emissão: 07/07/1972.
Temas: Artes, música, pinturas.
RHM: 741.
Mint. 
    

     Se procurar-mos a origem da música produzida no território nacional, encontraremos as produzidas pelas várias populações indígenas do país. Seria difícil superestimar e não reconher que a música faz parte do cotidiano indígena, e está normalmente relacionada as simples satisfações pessoais relacionada às atividades de festejos ou rituais religiosos.
     A música indígena, envolve danças cadenciadas, sobretudo nas festas religiosas, e a fusão da música com a dança, é uma maneira deles celebrarem seus cultos e suas crenças. Os sons da natureza se faz muito representado na música indígena, que por sua vez, imitam os sons das aves e outros animais existentes na área onde vivem. Portanto, podemos observar que o meio em que estas populações vivem, atua de forma significativa na produção musical brasileira, e algumas de suas sonoridade melódica foram em determinados aspectos, incorporadas à obras de diversos estilos, entre elas, “O Guarani”, de Carlos Gomes e ao Tropicalismo.



Série alusiva ao 1º Centenário do Nascimento de Carlos Gomes.
Carlos Gomes (Marrom), Carlos Gomes (Vermelho).
O Guarani (Castanho), O Guarani (Azul).
Data de emissão: 11/07/1936.
Temas: Compositores, música, personalidades.
RHM: 106/109.
Mint.

     As influências na origem da música popular brasileira foram sem dúvida, resultante de várias incorporações de tradições indígenas e estrangeiras.


Contribuições portuguesa:



     A colonização portuguesa, causou algumas influências importantes ao trazerem instrumentos de origem europeias os quais foram incorporados as variadas sonoridades de alguns estilos que até hoje são produzidos e também incorporados a música popular brasileira.
     Entre estes instrumentos, podemos citar o cavaquinho, violão e a viola. Além destes, outros instrumentos vieram para o Brasil, trazidos pelos portugueses: os de sopro como o trombone de vara e o clarinete, além dos de percussão como o pandeiro, e também os melódicos/harmônicos a sanfona e o piano entre outros usados na música erudita, como o de arco.



 Selos regulares alto adesivos alusivos a série
Instrumentos musicais.
Violão, viola caipira e trambone de vara.
Data de emissão: 20/09/2001.
RHM: 809, 811 e 812.
Mint.


Selos regulares alto adesivos alusivos a série
Instrumentos musicais.
Acordeão, clarinete e pandeiro.
Data de emissão: 07/07/2002.
RHM: 818, 823 e 824.
Mint.

     O piano foi também um instrumento trazido pelos portugueses que, no início, somente era utilizado pela corte. Mais tarde, difundiu-se nas residências das famílias burguesas, tornando-se elemento importante dos saraus.
     A contribuição portuguesa também se fez muito presente nas composições que tinham destino ao exercício da catequese. Nos dramas religiosos, os denominados autos, destinados ao aprendizado didático da religião cristã pelos indígenas. Estes autos, eram muito ricos em danças e cantos com acompanhamento instrumentas.
     Um dos ícones dos expoentes na catequese dos indígenas, o Padre José de Anchieta, era poeta e compositor em seus próprios autos. Procurava estabelecer conexões entre a religião dos colonizadores portugueses (cristianismo) e os costumes indígenas com o objetivo de que a aprendizagem fosse mais persuasiva e eficaz. Além desta utilização, as canções de carácter religiosos também eram utilizadas em missas, procissões e em outras cerimônias.


Série Os Passos de Anchieta. Imagens da Igreja Matriz Nossa Senhora de Assunção
Santuário de Anchieta,  Anchieta e Catedral Metropolitana de Vitoria.
Temas: Animais , barcos , cartografia, fauna, flora,
meios de transporte, personalidades, religião, arquitetura.
Data de emissão: 19/03/07. Selos RHM: 2681/2683.
FDC RHM: 717 com dois CBC.


Contribuições negra:



     Quase que incalculável foi o influxo negro nas sonoridades e nos ritmos brasileiros. A contribuição negra de raízes africana que migraram para o Brasil de forma forçada na condição de escravo, sob o jugo escravocrata dos colonizadores, conservaram e cultivaram sua cultura de origem, mesclando nas tradições brasileiras suas danças, ritmos e sonoridades de suas canções.
     O quinhão africano para a música popular brasileira, foi sem dúvida, muito mais além, com a fixação de seus instrumentos de características elevadas de percussão. Entre eles, podemos citar o berimbau, a cuíca, o reco-reco e os atabaques. Tais instrumentos foram a partir dai, muito usados nas canções populares, e até hoje fornecem a base para o desenvolvimento de vários seguimentos da nossa música.


         

   
Selos regulares alto adesivos alusivos a série
Instrumentos musicais.
 Zabumba, xilofone, atabaque e berimbau.
Datas de emissão: 20/09/2001 e 07/07/2002.
RHM: 810, 815, 820 e 821.
Mint.

Contribuições espanhola:

 

     Outra influência musical de grande importância para a música popular brasileira foi a espanhola, que trouxe para o Brasil alguns ritmos atualmente pouco conhecidos, mas que continuam presentes nas tradições de algumas regiões do país, como a tirana, o sarambeque e o fandango, incorporado nas tradições coletivas da região litorânea dos estados da região sul.

Bloco c/3 selos alusivos a LUBRAPEX 82. 9ª Exposição Filatélica Luso-Brasileira.
Fandango Paranaense.
Data de emissão: 15/10/1982. Temas: Dança, trajes.
RHM: 54.


Contribuições francesa:

    
     Outro influxo que merece ao menos um ligeiro comentário foi o de origem francês, o qual se faz presente nas populares cantigas de roda infantis, recebendo versões livres e proporcionais a realidade cultural brasileira.
   As danças de quadrilha, muito conhecidas nas festas juninas, provavelmente provenientes das danças da corte francesa, apresentam aspectos peculiares como forma cordial entre os pares na dança. Estas características, marcaram tradições coletivas no interior de várias regiões brasileiras, principalmente na Região Sudeste.


Série comemorativa alusiva a Festas juninas.Caruaru - PE e Campina Grande - PB.
Data de emissão: 11/06/1995. Tema: Dança, trajes.
RHM: 1945/1946.
Mint.


Modinhas:


     As canções que se tornaram parte do folclore brasileiro, deram as bases para a criação de uma música popular de aspecto único e foram obtendo outros em cada região. A primeira personalidade que podemos citar é o mulato Domingos Caldas Barbosa (Rio de Janeiro, 1739 - Lisboa, 1800), o qual compôs as primeiras modinhas já mescladas com feições típicas brasileiras.
     Suas composições impregnadas de vitalidade e muita malícia, fizeram sucesso entre os nobres da sociedade portuguesa. Domingos Caldas Barbosa, ao se transferir para Portugal em 1765, passou a ser aclamado na corte portuguesa do século XVIII, como o primeiro compositor brasileiro a sair do anonimato.
    A partir deste momento, a modinha passou a ser um dos primeiros gêneros de propagação popular, tanto apreciado pelos aristocráticos (modinhas que continha em sua composição alguns aspectos harmônicos um pouco mais eruditos) quanto por grupos de extração social popular, e foi obtendo aparência de composição popular com o acréscimo do timbre da viola. Assim, a música popular passou a mostrar uma das suas particularidade, sua propagação passou a acompanhar determinadas propensão de gosto e do estudo das condições e efeitos da criação artística.
     Progredindo na mesma direção a esta tendência de popularização do gênero, vários compositores de modinhas já consagradas, como o Padre José Maurício Nunes (Rio de Janeiro, 1767 - 1830), Cândito Inácio da Silva (Rio de Janeiro, 1800 - 1838) e Francisco Manuel da Silva (compositor do Hino Nacional em 1831) passaram a compor obras de carácter religioso ou óperas, as quais eram apresentadas no Teatro Lírico Fluminense.


Selo da série alusiva a Arte Barrroca do Brasil.
Padre José Maurício Nunes Garcia.
Data de emissão: 05/11/1973.
RHM: 813.
Mint.

Selo alusivo ao Sesquicentenário de
Nascimento de Francisco Manuel da Silva.
Data de emissão: 30/05/1945.
RHM: 204.
Mint. 

   
     A popular modinha, também se fez presente através de outros compositores, entre eles, Xisto Bahia (Bahia, 1841 - Rio de Janeiro, 1894). Mesmo não possuindo formação musical, Xisto Bahia foi compositor, cantor, letrista e violonista, adquirindo fama e prestigio nacional, ao se apresentar em vários teatros brasileiros; Domingos da Rocha Mussurunga (1807 - 1856), se destacou pelas lutas com o objetivo de estabelecer um Conservatório de Música Local que pudesse ministrar o aprendizado da música desacordo com as tendências tradicionais que vinha então se afirmando no país.
     Nesta época, a poesia e a música se aproximavam uma da outra, e poemas de Castro Alves (1847 - 1871) foram musicados (Gondoleiro do Amor, por Salvador Fábregas, e Minha Maria, por Xisto Bahia em forma de lundu. Até mesmo Carlos Gomes, chegou a compor modinhas ao gosto popular, entre ela, a romântica e até hoje muito lembrada e cantada, Tão Longe de Mim Distante.

Folinha comemorativa particular alusiva ao 1º Centenário de Castro Alves.
Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil.
Selo comemorativo RHM: 227 emitido em 14/03/1947.
Filigrana (Q) Correio Estrela Brasil - 5mm.
Tema: Literatura.

Selo comemorativo alusivo ao 1º Centenário da Ópera o Guaraní.
Data de emissão: 19/03/1970. Temas: Compositores, música.
RHM: 667
Mint.

     Neste contesto, outros nomes do século XIX, cuja importância se faz necessário aqui mencionar: Henrique Alves de Mesquita, tendo este sido compositor do primeiro tango brasileiro, ao qual se atribui o título de precursor do choro, tendo ao seu lado o aluno em composições e regências, o flautista Joaquim Antônio da Silva Callado (Rio de Janeiro, 1848 - 1880); a dupla formada pelo violonista João de Almeida Cunha e Laurindo Rabelo (este muito conhecido como “Poeta Lagartixa”).
     Normalmente, as modinhas, os lundus (dança de par solto, de origem africana) e as polcas (dança de andamento vivo, de origem polonesa) foram se tornando muito presente no meio boêmio do Rio de Janeiro do início do século XIX. Nas posteriores gerações, tais gêneros foram lentamente sendo substituídos pelo surgimento de outras tendências musicais, como o choro (função musical em que um pequeno conjunto, de flauta, violão, cavaquinho, pandeiro, executam valsas, sambas, etc., em um determinado ritmo característico) e o maxixe (dança brasileira de origem urbana).
     O período em torno de 1870 é atribuído ao surgimento do choro. Devido a importância política e a intensa vida cultural, o Rio de Janeiro, tornou-se o palco de irradiações das tendências musicais que se mostravam. Devido a abertura de um grande número de casas editoras, vários compositores de outros estados se estabeleceram no Rio de Janeiro com o objetivo de encontrarem maio espaço para suas composições.


Choro:

 

     Como vimos, a grande popularização das modinhas se deu devido ao fato da incorporação do violão como um instrumento preferido autores e cantores, substituindo o piano. Devido a isto, ela ganhou as ruas e os meios boêmios. Entretanto, foi cedendo espaço ao choro. Neste contexto, surge o poeta Catulo da Paixão Cearense (São Luiz do Maranhão, 1863 ou 1866 - Rio de Janeiro, 1946), que se uniu aos boêmios do choro Sátiro Bilhar, Quincas Laranjeiras e Viriato.
     Catulo da Paixão Cearense escreveu vários versos os quais foram utilizados, por exemplo, pelo grandioso compositor Ernesto Nazaré (Rio de Janeiro, 1863 - 1933). Este, compôs cerca de 218 canções ao gosto mesclado do erudito com o popular, e deixou um grande repertório de abras primas da música popular brasileira, entre elas; Apanhei-te, Cavaquinho, Brejeiro, Atlântico e a famosa canção Odeon. Mas, mesmo que até hoje se reconheça o grande mérito de suas abras, Ernesto veio a falecer em total esquecimento e solidão. Outro ícone que deve ser sempre lembrado é Chiquinha Gonzaga, pioneira como compositora e como representação feminina na música popular brasileira.
     Chiquinha compôs a primeira marcha especialmente feita para o Carnaval: Ô Abre Alas, a pedido do então Cordão Rosa de Ouro, no ano de 1899. O conjunto de suas obras chega a mais de 2000 canções.


Selo comemorativo da série alusiva a Compositores Brasileiros.
Homenagem a Chiquinha Gonzaga. Data de emissão: 26/04/1977.
Tema: Compositores, músicas.
RHM: 980.
Mint.

     A tradição do choro, já possuindo outros grandes precursores como Anacleto de Medeiros e Irineu de Almeida, foi logo premiada com o maior nome do choro: o compositor e instrumentista Alfredo da Rocha Viana, o Pixinguinha (RJ, 1897 - 1973). É de sua autoria uma das canções brasileiras mais populares e linda, até hoje cantada e regravada por diversos interpretes: o Carinhoso (1928). Particularmente, sua projeção no universo da música é digno de nota, seu sucesso como compositor, sem dúvidas, se fez pelo seu demasiado talento.


Selo comemorativo da séria alusiva a Compositores Brasileiros.
Homenagem a Pixinguinha.
Tema: Compositores.
RHM: 1868.
Mint.

     Figurando entre os maiores compositores da músia popular brasileira, no final da década de 20, Pixinguinha foi responsável pela organização do lendário conjunto de choro, Os Oito Batutas, do qual, também foi integrante, além de José Alves, Jacó Palmieri, Luiz Silva, China (irmão de Pixinguinha), Nelson Alves, Raul Palmeeri, João Pernambuco e Donga. No dia do seu falecimento, 2.000 vozes cantaram o Carinhoso em sua homenagem no sepultamento.
     Além de o Carinhoso, muitas de suas composições tornaram-se verdadeiros ícone do choro brasileiro, como: Vou Vivendo, Um a Zero, Naquele Tempo, entre outras.
     Os traços essênciais desse estilo, também passou a dominar os conjuntos de foxtrote (as jazz-bands) por intermédio de Romeu Silva, o qual verteu o ritmo brasileiro para o jazz americano. No apogeu das jazz-bands, aparece neste contexto histórico, um conjunto nordestino; os Turunas Pernambucanos, o qual trouxeram os ritmos do nordeste para a então capital da Republica, o Rio de Janeiro.
     Em São Paulo, também houve alguns nomes importantes do choro, como Armadinho Neves (1902 - 1976), Garoto, Gão, Copinha e Balfiglio de Oliveira.

Samba:



     Palarelo ao choro, em 1917 surge um novo gênero popular o qual rapidamente tornou-se uma das marcas mais importante da música popular brasileira; o samba. De provável origem baiana, o samba aparece nos meios de divulgação com a histórica canção Pelo Telefone. A parti dai, foi ganhando fôlego e rapidamente passou a predominar nos ritmos carnavalescos no Rio de Janeiro. Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga (Rio de Janeiro, 1889 - 1974) e Mauro de Almeida, tiveram o primeiro samba registrado em gravação. Mediante a este fato, os compositores de choro, entre ele, Pixinguinha, responderam a esta nova tendência musical, a qual permanece de forma marcante na história da música popular brasileira. Mas, até hoje, o ritmo das marcha e dos choros não abandonou o Carnaval, juntos, competem pela preferência dos amantes destes gêneros.
     Na década de 1930, ocorreu uma grande explosão de grandes compositores brasileiros, entre ele, Lamartine Babo (Rio de Janeiro, 1904 - 1963), o qual lançou canções que até hoje são inesquecíveis e são sempre cantadas nos foliões carnavalescos e pelo o publico em geral. Quem de nós nunca cantarolou O Teu Cabelo Não Nega e Linda Morena.
     Noel Rosa, que também se tornou outro grande ícone da música popular brasileira, possui em seu repertório, canções que até hoje ocupa espaço na memória do povo brasileiro. Infelizmente Noel veio a falecer aos 26 anos de idade, nos deixando um conjunto de mais de 200 canções, entre elas, Camisa Listrada.


Selo comemorativo da série alusiva a Compositores Brasileiros.
Homenagem a Noel Rosa. Data de emissão: 26/04/1977.
Tema: Compositores, músicas.
RHM: 981.
Mint.

     Outro grande ícone de incalculável importância foi Ari Barroso, o qual compôs canções exaltando as belezas do nosso país, como Aquarela Brasileira.


Selo comemorativo alusivo ao centenário
de nascimento de Ary Barroso.
Data de emissão: 07/11/2003.
Temas: Personalidades, Compositores, músicas.
RHM: 2546.
Mint.

     Não podemos deixar de mencionar os nomes de Assis Valente, Benedito Lacerda, bem como, as importantes parcerias de compositores, coma a inesquecível dupla: João de Barros e Alberto Ribeiro, os quais comporão Touradas em Madri, a dupla Nássara e Frazão, autores de Florisbela e a dupla Bide e Marçal, criadores de Agora é Cinza.
     Nesta década, ainda tivemos as famosas canções de André Filho (Cidade Maravilhosa) e a conhecida marchinha (Mamãe Eu Quero) de autoria da dupla Juraraca e Vicente Paiva.
     Embalada pelas vozes de Cármen Miranda, Araci de Almeida, Francisco Alves, Mário Reis, Orlando Silva, Sílvio Caldas, almirante, as irmãs Dircinha e Linda Batista, o inesquecível tenor Vicente Celestino entre muitos outros, esta década constitui o início da era de ouro do rádio. Tais cantores e interpretes foram divulgadores das mais belas composições de grandes autores de uma época que sempre estará na memória do povo brasileiro.


Selo comemorativo alusivo aos 100 anos de nascimento de Cármen Miranda.
Data de emissão: 06/10/2009.
Temas: Música, dança, trajes, personalidades.
RHM: 2906.
Mint.


     Nas duas décadas seguintes, a produção de marchas carnavalescas não parou, quem não há de lembrar-se das marchinhas Cordão do Puxa-sacos de Roberto Martins em parceria com Frazão, Nega do Cabelo Duro, de Rubens Soares e Davi Násser, Alá-la-ô, de autoria de Haroldo Lobo e Nássara, Nós os Carecas de Roberto Robert e Arlindo Marques Júnior. Nesta mesma época deve ser devidamente mencionado o Samba Amélia de autoria de Mário Lago (Grande ícone da dramaturgia brasileira) em parceria com Ataúlfo Alves, o qual até hoje e popularmente cantada
     Ao que se refere a grandes intérpretes da época, um nome que não podemos deixar de mencionar é Nelson Gonçalves, as canções de aspecto romântico e boêmico, o destacaram e criaram rivais como Marlene que se destacou no ano de 1952 com a gravação da canção Lata d'água e Emilinha Borba que disputava com Marlene o título de Rainha do rádio em 1949. Emilinha gravou a canção Chiquinha Bacana de autoria de Alberto Ribeiro e João de Barro, canção esta, muito popular até os dias atuais. Ao lado das duas, se destacou também a inesquecível Dalva de Oliveira, uma das mais populares cantoras da década de 1940. Ao lado da dupla Preto e Branco, formado por Herivelto Martins e Nil Chagas, criaram o então Trio de Ouro.
     Foi de Herivelto Martins, através da voz de Dalva de Oliveira, uma das canções mais popular; Ave Maria do Morro. Dalva tornou-se a nova Rainha do Radio em 1952, e após um período de ausência em sua carreira devido a sérios acontecimentos no casamento conturbado com Herivelto, torna a brilhar no Carnaval de 1970. Recentemente a Rede Globo produziu um série a qual relata a vida e a obra destes dois ícones de nossa música.
     Retornando a década de 1950, destacamos a grande Ângela Maria, com magnífica interpretação de músicas em tons românticos. Seu sucesso afirmou-se através de suas apresentações na célebre Rádio Nacional, em programas de auditório de grande repercussão nacional. Sua interpretação da canção Babalu é até hoje considerada inigualável.
     Aliás, a Rádio Nacional foi um veículo de grande divulgação de novos talentos da época. Como por exemplo, Caubi Peixoto, o qual foi lançado no ano de 1954 em um dos programas da emissora.
     Com efeito, na década de 1950 o Rio de Janeiro presenciou uma grande expansão das escola de samba, ao passo que o Carnaval de rua cedia espaço para esta nova realidade. Neste contexto de expansão, as escolas foram recompensadas algum tempo depois, com grandes compositores, entre eles, Cartola, Carlos Cachaça (fundadores da Mangueira), Dona Ivone Lara e Mano Décio (um dos fundares do Império Serrano, juntamente com Silas de Oliveira), João Nogueira e Zé Keti (Portela), Duduca e Nescarzinho de Salgueiro, e entre outros, o lendário cantor e compositor Jamelão, nascido em 1913 e puxador oficial da Mangueira desde a década de 1950.
     Em gerações posteriores, Martinho da Vila aparece neste cenário, o qual sempre foi uns dos grandes compositores vinculados às atividades das escolas. É de sua autoria o samba-enredo Kizomba, a Festa da Raça, o qual deu a Vila Isabel, outra grande escola, o titulo de campeã no ano de 1988. Martinho da Vila também é compositor de inúmeras canções de ampla repercussão nacional, como Madalena e Casa de Bamba.
     Em contrapartida, em Salvador, Capital do Estado da Bahia, foi criado o primeiro trio elétrico do país, estimularia a grande explosão do Carnaval de rua. A dupla Dodô e Osmar foi a responsável pela criação do trio elétrico, na ocasião, montado sobre um Ford “bigode”. Em Pernambuco, o frevo, criado em 1909, por Zuzinha, ganhou fôlego a partir da década de 30, e na de 50 prosseguiu até hoje como uma modalidade de dança e música original do Carnaval de rua nordestino.


 
Selo alusivo a série Manifestações Populares.
Data de emissão: 22/08/1975.
Tema: Dança.
RHM: 901.
Mint.


Selo da série Trajes Típicos: Frevo - Pernambuco.
Data de emissão: 08/02/07.
Tema: Dança, trajes.
RHM: 2676.
Mint.


     No contexto histórico da música popular brasileira, o samba pediu passagem e prossegui com novas gerações de compositores. Surge Dorival Caymmi e Lupicinio Rodrigues, compositores e interpretes de suas próprias músicas. Em São Paulo, surge Adoniram Barbosa, o qual teve várias canções gravadas por intérpretes como Elia Regina e deixou um real testamento no qual temos um dos hinos do samba paulista. Trem das Onze, o qual fielmente retrata de forma prosaica e poética a cor local paulistana. Nesta mesma ocasião, surge o conjunto paulista que até hoje se encontra presente em nosso meio, os Demônios da Garoa, o qual mantêm em evidencia o fulgor do samba de Adoniram Barbosa.
     Adoriram foi homenagiado na madrugada de sabado para domingo em 28/08/2010 no programa Altas Horas na TV Globo.

Série comemorativa alusiva a Música Popular Brasileira.
Homenagem à Adoniran Barbosa e a Obra de Dorival Caymmi.
Data de emissão: 05/11/1994.
RHM: 1925/1926.
Mint.    


      Sem a menor dúvida, a década de 1960 foi palco de delgado laços entre a classe média e as escolas de samba, resultando na aproximação entre sambistas e intelectuais. A tématica, acabou ganhando grande sotisficação, tal como a observada em O Mundo Encantado de Monteiro Lobato, tema este, que deu o prêmio de campeã a Mangueira em 1967.
     O crescimento da festa popular, o desfile das escolas de samba tornou-se um dos maiores símbolos do Carnaval de rua, tendo por fim, um espaço todo especial no ano de 1978, a Rua Marquês de Sapucai, e algum anos depois, em 1984, o atual Sambódromo, o qual foi progetado por Oscar Niemeyer, ícone da nossa arquitetura.

Bilhete Postal personalisado não circulado.
Desfile de Escola de Samba no Sambódromo,
Ao fundo, a apoteose.
RHM: 221.


Bloco c/ 02 selos alusivos a Obras de Oscar Niemeyer.
Imagens do Museu de Arte Contemporânea de Niterói/RJ,
Memorial da América Latina/SP.
Data de emissão: 18/03/2008.
Tema: Arquitetura.
RHM: 147.
Mint.


Bossa Nova e Tropicalismo:
    

     Desde a década de 1940, se notou que algo no universo do samba carióca estava mudando. O maestro Radamés Gnatalli, com suas orquestrações com características modernas, já havia realizado, ao lado do próprio Pixinguinha, a regência de vários acompanhamentos orquestrais dirigidos à música popular. Estas orquestrações mantinham como métodos de propagação, a Rádio Nacional, a qual mantinha programas semanais dedicados às orquestras regidas por Gnatalli.
     O compositor Johnny Alf (Rio de Janeiro 1929) já havia se manifestado como precursor harmônico-modelo do que mais tarde seria denominado Bossa-nova, com a música Rapaz de Bem, de 1953. Entre os criadores do Sinatra-Farney Fã-clube estava Jobim, Farney, Jonnhy Alf, Luis Bonfá e a cantora Nora Ney. Dick Farney, foi considerado como um dos intérpretes desta nova tendência que se afigurava no cenário da música brasileira.
     O cantor utilizava determinadas sonridade jazzísticas para a interpretação de sambas. A gravação pioneira de Copacabana com o emprego de instrumentos liame à música erudita (conjunto de cordas) foi posta em prática com a participação de Farney, sob a regência de Gnatalli. Em 1954, com a parceria de Billy Blanco, Dick Farney e Lúcio Alves gravaram seu samba-canção Tereza da Praia, no período em que um jovem compositor se consolidava nesta nova realidade da música popular brasileira: Tom Jobim (Rio de Janeiro, 1927 - 1994).

Selo comemorativo em homenagem a Antônio Carlos Jobim.
Data de emissão: 22/11/1999. Tema: Compositores, música.
RHM: 2228.
Mint.


     Tom, ao mesclar música erudita com as sonoridades nacionais, o imaginário com a cor local brasileira, estabeleceu um caminho a ser percorrido pelos compositores que o sucederam. Obteve aclamação mundial ao ter suas canções propagadas na mídia internacional.
     Tom deixou um legado de canções fundamentadas no movimento Bossa-nova. Em parceria com Newton Mendônça, gravou Samba de uma Nota Só e Desafinado, duas canções clássicas que no contexto, algum tempo depois, ganharia a voz daquele que por muitos é considerado o interprete ideal de suas canções. Com o lançamento do disco Chega de Saudade, orquestrado por Ton, surge no cenário da música, João Gilberto, considerado Papa da Bossa-nova. Causando um estardalhaço em todo cenário da música popular brasileira com sua voz e suas inovações harmônicas no violão. Promovendo de uma forma ou de outra, mudanças nos valores culturais de nossa música. No entanto, o reconhecimento, a compreensão e a aceitação dos valores deste novo padrão, veio de forma gradual algum tempo depois.
     Nesta época, ocorre um explosão de grandes talentos, e em meio a esta paisagem, destacamos Vinícius de Morais (Rio de Janeiro, 1913 - 1980) o qual formou parceria com Tom, parceria esta, considerada a mais consagrada da Bossa-nova, gravando canções como Chega de Saudade, Se Todos Fossem Iguais a Você, Garota de Ipanema, esta, tornou-se uma das mais populares no mundo. No que diz respeito, além de Tom, Vinícius também formou parceria com outros talentos que até então iam se afirmando definitivamente na música brasileira: Toquinho, Edu Lobo, Carlos Lyra, o Maestro Cláudio Santos, o violonista e compositor Baden Pawel e o cantor e compositor Chico Buarque, este, algum tempo, depois formaria parceria de composições com Tom.

Selo comemorativo da série Compositores Brasileiros.
Homenagem a Vinícius de Moraes.
Data de emissão: 19/10/1993.
Tema: Compositores
RHM: 1867.
Mint.


     Carlos Lyra, ao lado de Roberto Menescal, criaram a academia de violão a qual tornou-se o local de encontro de todo o meio artístico da época. Aliás, algum tempo depois, Carlos Lyra, inovou a Bossa-nova, ao estabelecer temáticas com características intelectuais e ao lado de Oduvaldo Viana Filho e o poeta Ferreira Gullar fundou o Centro Popular de Cultura. Roberto Menescal foi e continua a ser um grande descobridor de talentos, como exemplo, a cantora Leila Pinheiro, cujo sucesso está totalmente consolidado em suas interpretações atualizadas da Bossa-nova. Como também, foi professor de violão de uma das maiores integrante do movimento Bossa-nova Nara Leão (1942 - 1989).
     Por sua vez, Chico Buarque tornou-se um dos maiores ícones da música popular brasileira. Irmão de Miúcha, cedo entrou no universo artístico mais importante da época, como Alaide Costa, Oscar Castro Neves e Baden Pawell. Sua primeira grande conquista, foi a vitória da canção A Banda, composta e interpretada por ele e Nara Leão no II Festival de Música Popular Brasileira promovido pela TV Record em 1966.

Selo comemorativo alusivo ao Festival
 Internacional de Canção Popular.
Filigrana: (Q) Correio Estrela Brasil - 5mm.
Data de emissão: 16/10/1967.
Tema: Música.
RHM: 582.
Mint.


     Presente na música até hoje, Chico fez parceria com vários compositores, entre eles, Tom Jobim. Suas canções são consideradas obras-primas da poética na música popular e de influência definitiva na produção musical brasileira.
     No universo da Bossa-nova, vários interpretes devem ser mencionados, entre eles, destacamos a contundente Maysa, interprete da primeira gravação de O Barquinho. Seu primeiro trabalho tinha um repertório constituindo de sambas, canções triste, como Meu Mundo Caiu. Maysa levou para o universo de suas canções, os dramas de sua vida pessoal, o casamento conturbado com um integrante da família Mataraso, o alcoolismo em conseqüência disso. Maysa teve fim trágico alguns anos depois em virtude de um acidente automobilismo na Ponte Rio Niterói. Em sua homenagem, a Rede globo produziu recentemente uma minissérie relatando sua vida; ascensão e decadência.
     Ainda no universo da Bossa-nova, temos Elizeth Cardoso, que já havia se tornado popular desde da fase de ouro do rádio. Em 1958, Elizeth gravou um LP com composições de Tom Jobim em parceria com Vinícius ao som do violão de João Gilberto.
     Entretanto, o rádio lentamente cede espaço a um novo veículo de comunicação; a TV, a qual surge no Brasil nos anos 50 e em meados e final dos anos 60, obteve um grande desenvolvimento através da canção popular brasileira, ao produzir os grandes festivais, onde surgiram outros novos grandes talentos de nossa música.
     Como exemplo, já ganhando o 1º Festival de MPB pela extinta TV Excelso, Surge Ellis Regina e ganha dianteira na nova fase da bossa nova. Algum tempo depois, ao lado de Jair Rodrigues, outro que também apareceu nos festivais, comandou o programa de grande audiência da TV na época; O Fino da Bossa. Como já foi relatado, Chico Buarque foi premiado com uma de suas canções no 2º Festival de MPB, dividindo o prêmio com a canção Disparada, de autoria de Théo de Barros e Geraldo André, interpretado por Jair Rodrigues.


Série comemorativaem quadra com selos diferentes - América 1998 mulheres.
Elis Regina, Clementina de Jesus, Dulcina de Moraes e Clarice Lispecto.
Data de emissão: 11/03/1998.
RHM: 2072/2075.
Mint. 

   
Estes grandes festivais, os quais surgiram grandes nomes de nossa música, iniciaram na extinta TV Excelsior em São Paulo e tiveram prosseguimento na TV Record no período auge de audiência. Todavia, após o grave incêndio danoso em sua instalações, não houve meios de prosseguir com produções deste alto nível, criando assim, sinais de crise nos festivais, que foram produzidos nas suas últimas versões sem o brilho de antes pela antiga TV Rio e continuaram até a sua total extinção nos anos 80, com a transmissão sendo feita pela TV Globo que já vinha ascendendo o apogeu que possui hoje.
     Com efeito, a Bossa-nova não só inovou o conjunto da música brasileira, mas também, foi o despertar de vários nomes vinculados as mais variadas tendências musicais de nossos dias. Como exemplo, Roberto Carlos, posterioridade da Jovem Guarda, teve o início da carreira, vinculado por assim afirmar, aos moldes de João Gilberto. Por sua vez, Caetano Veloso (1942), tem até hoje João Gilberto como um de seus grandes ídolos, mesmo que as suas tendências seguissem um limiar evolutivo a partir das tradições já pré estabelecidas, obtendo portanto, vaias e aplausos ao apresentar sua canção Alegria, Alegria.
     Outro grande músico e compositor, foi Gilberto Gil (1942), que também teve uma grande participação nos festivais, principalmente com a canção Domingo no Parque, interpretada ao lado do conjunto Os Mutantes, formado por Rita Lee e os irmãos Sérgio e Arnaldo Batista. Sua música foi responsável por algumas das mais belas canções do movimento tropicalista e da música popular brasileira como um todo.
     Já encontrando duas vertentes em si mesma (a romântica e a engajada, como a observada no compositor Marcos Valle, o qual chegou a abraçar ambas as tendências), a Bossa-nova foi em si mesma o ponto de partida para variados outros seguimentos, os quais podemos observar nas posteriores tendências apresentadas pela a Jovem Guarda e pela a Tropacália.
     Como já vimos, Roberto Carlos iniciou a carreira utilizando o estilo de João Gilberto, e mais tarde trilhou no romantismo do Rock and roll de origem norte - americana dos anos 50 e 60.
     No movimento tropicalista, temos talentos como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, bem como a banda Os Mutantes na vertente do “rock tropicalista”, apresentando uma nova linguagem, preenchendo o espaço musical que se encontrava vazio em um período que a explosão de criatividade internacional era presente e constante.
     Com efeito, não há como não afirma, que o Tropicalismo foi sem dúvidas responsável pela até então não viável mesclarem da música brasileira com as tendências universalistas e regionalistas. Além disso, deu origem a transformações no universo inibido de nossa cultura na época, absorvendo as novas tradições e tendências, buscando novos caminhos que lhe fosse possível percorrer.
     No contexto da época, Maria Betânia, irmã de Caetano Veloso, Já havia alcançado o seu brilho na música através do show Opinião substituindo Nara Leão.
     Com efeito, foi Betânia que estimulou Caetano em sua viagem ao Rio. Mas, sem dinheiro e projetos terminados, Caetano retorna para a Bahia e volta ao Rio para participar nos festivais, causando um grande choque na plateia com a mentalidade da época, ao apresentar a canção Alegria Alegria, de sua autoria, acompanhado por músicos de nacionalidades argentina de “iê-iê-iê”. Sem dúvidas, o choque era evidente, instrumentos elétricos com guitarra e baixo não eram os mais adequados para os padrões musicais da música popular brasileira na época. Entretanto, o publico não foi capaz de observar que a canção era simplesmente uma marchinha, ao um ritmo típico.
     Com a canção Manifesto que deu origem ao nome Tropicália, de arranjo orquestral do maestro vanguardistas Júlio Medáglia, Caetano obteve a base para o que veria a ser algum tempo depois o tropicalismo. Toda a produção cultural vanguardista brasileira influenciou o tropicalismo, como o Cinema Novo de Gláuber Rocha, a poesia de Décio Pignatari e dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos, o teatro de José Celso Martinez Correa, os novos nas Artes plástica, como os de Hélio Oiticica.
     O movimento tropicalista, assinalou as isoladas e antagônicas realidade cultural brasileira, tanto cabia em suas bases os movimentos vanguardistas quanto o regionalismo e o Kitsch (como a canção de Gil, composta na época de seu exílio, Aquele Abraço: “Alô, alô, seu Chacrinha/Velho palhaço/Alô, alô, Teresinha/Aquele Abraço...”.
     A propósito, nenhuma referência a música popular brasileira estaria completa sem a menção ao Velho Guerreiro. Não há como não apontar a importância que Chacrinha teve em abrir espaço para tantos interpretes de nossa música. Seu estilo irreverente e único, refletia seu espírito guerreiro. Suas atitudes se distinguia pelo o amor, pelo respeito inteligente e pela simpatia. Seu trabalho possuia um siguinificado único, facilitar a ascensão da maioria dos nomes que neste artigo são abordado. 
     A poesia tropicalista teve sua mais alta expressão no poeta Torquatro Neto (1944 - 1972). No contexto do movimento como Marginália II e Gelléia Geral, ele foi considerado o poeta de canções capitais.
     Além de Maria Betânia, que já fazia sucesso antes, outros nomes importantes da música popular brasileira, surgiram com a Tropicália, como Gal Costa, a qual cedeu sua voz à muitas canções de Caetano. Jorge Benjor, mesmo que sua canção Charles Anjo 45, inscrita no IV Festival Internacional da Canção não tendo sida mal classificada, algum tempo depois, tomou outro rumo ao regravá-la em parceria com Caetano, e com isso, a carreira tomou também outro rumo.
     Nas gerações posteriores, outros nomes também deram seguimento ao movimento do tropicalismo. Vieram nomes como o compositor Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e as vanguardistas neotropicalistas; Tetê Espíndola e Eliete Negreiros. Em São Paulo, no antológico Teatro Lira Paulista, aparecem os novos talentos como o grupo Premeditando o Breque e o Rumo. Na Bahia, vieram os Novos Baianos, de onde destacaram-se Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca e Moraes Moreira.
     No nordeste, não podemos deixar de mencionar o neo-tropicalista Alceu Valença.


Rock:
    

    Com certeza, podemos afirmar que o rock brasileiro teve sua origem tanto nas tendências da Jovem Guarda, quando nas tropicalistas. A primeira militância se fez por Nora Ney ao gravar a versão brasileira da canção Rok Around the Clok. Cauby Peixoto também incursionou-se no rock com a canção Rock and Roll em Copacabana composta por Miguel Gustavo.
     No contexto, quando a influência norte-americana se fazia muito presente, as canções mais populares foram as gravadas por Celly Campelo: Estúpido Cupido foi uma versão da canção Neil Sedaka. Banho de Lua é à fase pela qual passava os jovens norte-americanos. Esta fase esta retratada no filme Juventude Transviada, com a atuação do inesquecível e mitológico Jemes Dean.
     O rock brasileiro só passou a adesão total com a Jovem Guarda nos anos 60. Nesta época surgiram nomes consagrados como Roberto Carlos, Erasmo Carlos “O Tremendão”, além de vários outros interpretes como Wanderleia, Ronnie Von, Wanderley Cardoso, Rosemary, Jerry Adriani e Sérgio Reis que algum tempo depois trocou de estilo voltando-se para o sertanejo. Com relação as bandas de rock típicas brasileiras temos Os Incríveis e Renato e seus Blue Caps.
     Como já vimos, com tropicalismo aparece no universo da música popular brasileira a banda Os Mutantes a qual mudaram o estilo roqueiro brasileiro. No início, tendo como integante Rita Lee e os irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista, acompanharam Gilberto Gil na canção Domingo no Parque, no 3º Festival de Música Popular Brasileira, também acompanharam Caetano Veloso no 3º Festival Internacional da Canção e juntos gravaram a canção É Proibido Proibir. Outra canção famosa dos Mutantes foi Panis et Circenses, composta por Caetano Veloso.
     Neste contexto, aparece na Bahia um dos nomes que até hoje é o mais cultoado no universo do rock brasileiro; Raul Seixas. Este ícone, teve diversas influências, desde o Baião de Luiz Gonzaga até mesmo o de Elvis Presley. Sua carreira iniciou-se na Bahia com a banda Raulzito e seus Panteras, e alcançou o pleno apogeu nacional na carreira solo.
     Lentamente Raul foi mudando seu estilo e algumas de suas músicas passaram a conter cunho místicos, compostas em parceria com Paulo Coelho.
     Novos Nomes vieram nas gerações posteriores, como Lulu Santos, Ritchie, Lobão. Este, no início com a banda Blitz, logo depois com Lobão e seu Ronaldos e, um pouco depois na solo.
     Outras bandas também apareceram durante este universo. O estilo do deboche ficou por conta da banda Ultraje a Rigor, o baiano na voz de Marcelo Nova com a banda Camisa de Vênus, sem grande repercussão nacional a Punk com a banda paulista da região do ABC, os Garotos Podres; do Planalto Central vieram a Legião Urbana e os Paralamas do Sucesso. Por fim, os Titãs saíram do estilo pop e passaram para o do rock mais agressivo na década de 90.
     A década de 1980, tivemos a banda Barão Vermelho com a figura inesquecivel de Cazuza como um dos integrantes. Kid Abelha, João Penca e seus Miquinhos Amestrados. De meados da década de 1980 até a de hoje, tivemos principalmente no Rio de Janeiro, vários grupos de samba bem como do rock como os gaúchos Engenheiros do Havaii, em Brasília a banda Plebe Rude, em São Paulo o RPM e ainda nos anos 80 a banda “underground” Ira e Roupa Nova.

Selos comemorativos alusivos ao Rock In Rio II.
Homenagem a Cazuza e a Raul Seixas.
Data de emissão: 09/01/1991.
Tema: Música
RHM: 1719/1720.
Mint:


1991. Brasil. Bilhete Postal oficial não circulado alusivo ao Rock in Rio II.
RHM: 168.


     Entretanto, não há como deixar de mencionar, que nos anos 90, o rock brasileiro passou por transformações em relação as seus estilos iniciais. Como exemplo a Banda Raimundos de Brasília, se funde o rock mais agressivo com o baião/repente, ao estilo Raul Seixas em algumas de suas músicas. A banda mineira Patu Fu, passa a mostrar um estilo bem peculiar e sensível e a também a mineura Skank ao reggae. Nos anos 90 não podemos deixar de mencionar a irreverência satírica da banda Os Mamonas Assassinas.
     Em relação a produção de eventos musicais, os de grande importância internacional no universo do rock que aqui merece destaque por ter ficado na memórias dos quase incalculável público que o assistiu, foi as edições do Rock in Rio. Sua importância se fez não só por ter atraído um grande contigente de pessoas, mas por ter sido a órbita de uma modalidade de apresentação dos interpretes e principalmente pela repercursão internacional que o evento trouxe ao suscitar mudanças que só podem ser qualificadas como revolucionárias no que diz respeito a incorporação de nacionalidades que ali estiveram presentes e constituiram até então um atrativo único em nosso país.
     Paralelamente à toda esta explosão de talentos das bandas de rock, nossa música se manteve em sua essência rítmica em vários talentos. Fazendo um breve retorno aos anos da ditadura militar no nosso país, onde vários nomes foram paro o exílio como o caso de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Geraldo Vandré, entre outros.
     Neste período, uma das maiores forças de resistência da música brasileira, foi exercida pelo mineiro Milton Nascimento. Com ele, vieram os grupos também mineiros Wagner Tiso, Toninho Horta, Beto Guedes, Lô Borges. Nos anos 70 e 80, quando a abertura politica já adqueria uma maior mas ainda restrita liberdade expreciva, alguns nomes estabeleceram seus talentos, entre eles, Peninha e João Bosco, compositor e violonista.
     João Bosco, oscilou por vários estilos e teve canções compostas pelo parceiro Aldir Blanc. Assim como Gonzaguinho, filho de Luiz Gonzaga, eles ultrapassaram os limites da temática da música popular e da própria censura, ao compor canções visívelmente enganjadas neste contexto. Não podendo ficar de fora deste mesmo contextos as parcerias entre Ivan Lins e Vitor Martins, Jards Macalé e Waly Salomão.
     Ainda nas décadas de 1970 e 1980, surgiram outros grande nomes importantes, na década de 1970, podemos citar Simone, Elba Ramalho, Zizi Possí, no final da década de 1980, Marisa Monte. Na década de 1990, surge Adriana Calcanhoto e o ritmo jazzistico mesclado a imagem brasileira do brilhante Djvan.. Outro ícone, cuja carreira é remontada ao grupo de curta mas muito expressivo, foi Ney Matogrosso com os Secos e Molhados nos anos de 1973 e 1974, e posteriormente, passou para a carreira solo bem-sucedida até os dias atuais. Além de sua consagradas canções, Ney já interpretou várias canções clássicas da nossa música, como as que o fez ao lado do violonista Rafael Rabelo, um dos instrumentistas contepomais importante que surgiu na contemporaneidaderâneo, falecido no ano de 1995.
     Também na década temos a projeção de Fafá de Belém, interpretando em 1975 a canção de abertura da novela Gabriela, na Rede Globo, adaptada do livro do escritor Jorge Amado, a qual teve uma enorme audiência nacional.
     Retornando ao nordeste, podemos apontar nomes como Hermeto Paschoal, que ao utilizar sons da natureza, progetou os limites de criação musical em vária direções. Outro, como Fagner, procegui com o regionalismo nordestino e chegou a ser parceiro de Luz Gonzaga e Hermeto Paschoal.
    No contexto nordestino, outro que aqui não pode deixar de ser mencionado é Dominguinhos e a sua inseparável sanfona.
     Um outro grande multinstrumentista e também compositor, foi Egberto Gismonti, o qual foi o responsável pela mesclagem de estilos vinculados ao rock com elementos regionais do universo nordestino e indígina. Aliás, a lista de grandes nomes da música instrumental não para por aqui, a ela podemos acrecentar o saxofonista Paulo Moura, o integrante do grupo Cama de Gato, Mauro Senise, Nivaldo Orlnelas, Márcio Montarroys, Pascoal Meireles, Robertinho Silva, este, baterista da banda de Milton Nascimento, o gupo D' Alma, formado por Ulisses Rocha, Mozart Melo e André Geraissati, a banda Pau Brasil, a Metalurgia, Rique Pantoja e Arthur Maia, estes, tecladistas e baixistas do Cama de Gato. Entre outros muitos.
     A música negra chegou até nós através de nomes como o inesquecível Tim Maia, considerado como o pai do soul brasileiro, Jorge Benjor, Luis Melodia, Carlinho Brawn e sua timbalada, Claudio Zolli, Ed Mota, a Banda Conexão Japerí emtre outros. Por fim, não podemos deixar de mencionar as interpretes Mariza Monte, Cássia Eller, Maria Rita e Jorge Aragão. Este, também outro ícone do samba.


Elaborado por: Lúcio Carvalho.





Bibliografia:

Wikipédia, a enciclopédia livre.



Veja:

Sinal Fechado: A música popular brasileira sob censura.
(1937 - 1945/1969 -1978)
Alberto Moby Ribeiro da Silva
Apicuri (Edição Digital - Livro digital.

http://www.musicapopular.or/
http://www.dicionariompb/