sexta-feira, 2 de julho de 2010

A cultura popular brasileira vista através da filatelia.


Festival Folclórico de
 Parintins.

     Mesmo que timidamente até hoje os correios brasileiro só o tenha contemplado com uma pequena série com dois selos postais os quais mostram momentos apoteótico da apresentação dos Bois-bumbás Caprichoso e Garantido na arena do bumbódromo de Parintins, retratando alegorias que atingem mais de 20 metros de altura. É caso para dizer, que me parece oportuno, fazer grata menção, fixando os pontos principais desta festa que tem como objetivo a preservação e a valorização dos costumes certamente louvável da população amazonense.



História.


     Garantido ou Caprichoso? Vermelho ou azul? A rivalidade entre os bois é histórica, domina a cidade, permeia o imaginário e culmina numa festa popular realizada no último final de semana do mês de Junho na cidade de Parintins no estado da Amazônia.
     Fundada em 1793, com cerca de 80.000 habitantes, Parintins é uma simpática e agradável cidade do interior amazonense. Situada na Ilha de Tupinambarana, à margem direita do rio Amazonas, a 420 quilômetros de Manaus e quase na fronteira com o Estado do Pará, no final do século XIX, recebeu imigrantes nordestinos que vieram em busca das enormes riquezas geradas pela extração da borracha, os quais Trouxeram com eles, uma de suas mais fortes tradições culturais, o bumba-meu-boi do Nordeste, que ali encontrou-se com um outro boi, genuinamente amazônico, e se transformou no boi-bumba de Parintins.
     Considerado um dos maiores divulgadores da cultura amazonense, à 45 anos o Festival é uma apresentação realizada a céu aberto, onde competem duas associações, o Boi Garantido, de cor vermelha, e o Boi Caprichoso, de cor azul. A apresentação é realizada no Bumbódromo, estádio com formato estilizado de uma cabeça de boi, com capacidade para 35 mil espectadores situado no Centro Cultural e Desportivo Amazonino Mendes, no qual, os dois bois, através de alegorias e encenação, exploram os tema regionais como lendas, rituais indígenas e costumes dos habitantes ribeirinhos.

  
     Até a década de 60, os Bois se apresentavam nas casas e nos quintais da Cidade de Parintins; às vezes, quando os bois se encontravam nas ruas, o confronto era inevitável, por vezes violento. Mas, a brincadeira foi organizada, cresceu, evoluiu e transformou-se em grande espetáculo o qual é realizado desde o ano de 1965 do século passado.
     Idealizado por Raimundo Muniz, no ano de 1965 ocorreu o primeiro festival, e no ano seguinte, a primeira participação dos bumbás.
     Indepedente do dia que fosse da semana, até o ano de 2005, o festival era realizado sempre nos dias 28, 29 e 30 de Junho. Entretanto, uma lei municipal alterou a data para o último fim de semana do mesmo mês.
    O Festival de Parintins já teve vários locais de apresentação como a quadra da catedral de Nossa Senhora do Carmo, a quadra da extinta CCE e o estádio Tupy Cantanhede. Mas, no ano de 1987, após assistir o festival, o então Governador Amazonino Mendes, prometeu construir um local do tamanho que o festival merecia e, no ano seguinte, foi inaugurado o moderno Bumbódromo, no mesmo local em que antes era um tablado.     




     2004. Brasil. Máximos postais. Festival Folclórico Parintins. Garantido/Caprichoso. RHM: 241/242.
Temas: Arte, dança, folclore.

      No selo, em primeiro plano o Boi Caprichoso, preto, com a estrela azul na testa e, em segundo plano, o caboclo, o boto disfarçado, trazendo em suas mãos o boi Caprichoso.


     No selo, em primeiro plano, à direita, o Boi Garantido, branco, com o coração vermelho na testa e, em segundo plano, a arara vermelha que traz a cunhã-poranga (a moça mais bela) do Garantido.




Componentes do festival.

. Toada.

     É a cantiga de melodia simples monótona, brejeira, executada durante todo o tempo e acompanhada por um grupo de mais de 400 ritmistas. Ao som da toada os dois bois dançam e cantam por cerca de três horas, seguindo uma ordem de estrada na arena alternada em cada dia. As letras das canções, resgatam o passado de mitos e lendas da floresta, podendo incluir sons da floresta e canto de pássaros.
 
 
. Ritual.
   
     O ritual dos Bumbás conta a lenda de Pai Francisco e Mãe Catarina, que com o auxilio do Pajé, faz renascer o boi do patrão. Diz a lenda, que Mãe Catarina, grávida, teve o desejo de comer a língua do boi mais bonito que havia na fazenda. Para satisfazê-la, Pai Francisco mandou matar o boi de estimação do senhor da fazenda. Ao ser descoberto, é preso após tentar fugir. Entretanto, foi chamado um padre e um médico (o pajé, na tradição indígena) e o boi ressuscita. Pai Francisco e Mãe Catarina foram perdoados, ocorrendo depois uma grande festa.
 
 


Personagens do festival.




. Apresentador.

     O drama cantado, possui um apresentador oficial o qual comanda todo o espetáculo. O levantador de toadas faz a trilha sonora e dá um show de interpretação, proporcionando entusiasmo para a sua galera (torcida na arquibancada). No Festival, a figura do apresentador é rapidamente remetida à imagem de Paulinho Faria, que por 26 anos, foi apresentador do Boi-Garantido.

. Levantador de toadas.
    
     Interprete das musicas que fazem a trilha sonora das apresentações, o levantador de toadas é uma figura muito importante no festival. A técnica e a força de sua beleza de interpretação são pontuadas e trazem a emoção dos brincantes.
     David Assayag e Arlindo Jr, são respectivamente os mais consagrados levantadores do Boi-Garantido e Boi-Caprichoso.


. Amo do Boi.

     Com jeito caboclo, ele exalta a originalidade e a tradição do nosso folclore, ao fazer soar o berrante e tirar o verso em grande estilo. Este episódio é a chamada do Boi que vem para bailar.


. Sinhazinha da fazenda.

     É a filha do fazendeiro. Se apresenta na arena do festival dando sal para o boi.

. Figuras típicas regionais e lendas amazônicas.

     Elas são responsáveis por esboçar os sentimentos de amor e paixão. Gigantes Alegorias articuladas, as quais foram adotadas por carnavalescos de grandes escolas de samba como as do Rio de Janeiro e as de São Paulo, se movimentam e se transformam. Coreografias e fantasias originais, com luz teatral e fogos, dão um espetáculo especial ao festival.


. Porta Estandarte, Rainha do Folclore e Cunhã-Poranga.
    
     Personagens que dão um banho de charme, beleza e simpatia no festival de Parintins. Na sequência, aparece o grande mito feminino do nosso folclore: Cunhã Poranga. A moça mais linda da tribo dá um show de magia, irradiando toda a sua beleza nativa, com olhar selvagem e o belo corpo recoberto, emoldurado de penas. Surge aqui o elemento indígena, incorporado à festa do Boi no folclore amazônico.

. Tribos.
    
     Dezenas de Tribos Masculinas e Femininas, em cores vibrantes, entram na composição da deliciosa e desvairada arena com coreografias fascinante. Os Tuxauas Luxo e Originalidade são requisitos de beleza e perfeição.

. Ritual.

     A grande apoteose da noite, ocorre no momento da comovente dramatização teatral a qual sempre alcança o grau máximo com a mágica e misteriosa intervenção do Pajé, o poderoso curandeiro, o temido feiticeiro, que faz a dança da pajelança.


. Galera.
    
     A torcida também dá o seu show ao participar com grande eforia no momento que o Boi se apresenta. Do outro lado, em sinal de respeito, cordialidade e civilidade a torcida do contrário não se manifesta, permanece em total silêncio. A galera também e julgada pelos jurados do festival.




. Jurados.
    
     Vindos de outros estados, os jurados só são sorteados na véspera do festival. Os principais requisitos para compor o grupo é ser estudiosos da arte, cultura e do folclore brasileiro. Em um regulamento, claro, simples e preciso, mais de 20 itens são avaliados pelos jurados. Devido a proximidade, pessoas que moram no norte, não podem ser jurados.


Números de vitórias.

. Garantido : 27
. Caprichoso: 17
. Empate: 01


Resultados.

. Caprichoso: 1969, 1972, 1974, 1976, 1979, 1985, 1987, 1990, 1992, 1994, 1995, 1996, 1998, 2003, 2007, 2008 e 2010.
. Garantido: 1966, 1967, 1968, 1970, 1971, 1973, 1975, 1977, 1978, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1986, 1988, 1989, 1991, 1993, 1997, 1999, 2001, 2002, 2004, 2005, 2006 e 2009.
.  Empate: 2000.


Curiosidades.

     Ao se referir ao adversário, um torcedor nunca deve dizer o nome do outro boi, se houver necessidade, ele deve se referir ao opositor utilizando a expressão "contrário".
     Em sinal de respeito, vaias, palmas, grito de eforia ou qualquer outra manifestação, são proibidas quando o contrário estiver se apresentando na arena.


Elaborado por: Lúcio Carvalho.



Bibliografia:

3 comentários:

  1. www.brturismovip.com22 de agosto de 2010 às 12:42

    Lúcio.

    Meus parabêns pela qualidade dos artigos.

    Luzia: Agente de viagens.

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  2. Lúcio Carvalho.

    Parabêns pelo sucesso mais que merecido.

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Um abraço.

Lúcio Carvalho.