domingo, 27 de abril de 2014

Selo marmorizado.

Entre os colecionismos de selos brasileiros, os selos “marmorizados” estão, cada dia mais, ganhando novos adeptos. Muitos filatelistas estão tentando completar sua coleção de marmorizados, contudo, dentre os 148 conhecidos, há alguns muito raros e escassos. Outra grande dificuldade é que não se sabe ao certo qual é o número existente de muitos marmorizados catalogados. Fala-se, em alguns casos, de uma folha, mas não se sabe se toda a folha era marmorizada ou só parte dela. Assim as dúvidas entre os colecionadores e até entre os comerciantes são muito grandes e com isto não se tem uma noção precisa da raridade, bem como a grande incerteza de aquilatar o real valor de cada selo.
Para explicar o que é um selo marmorizado, se faz necessário antes falar sobre o Papel Porcelana ou Papel Couché.
O Papel Couché ou Porcelana é obtido a partir de um papel normal. O papel ainda em bobina, úmido, recebe em máquina especial o banho de substância leitosa constituída de caolim e caseína (fixador). Após o banho, a folha de papel sofre o tratamento de uma série de escovas, as quais agindo num vai vem constante espalham uniformemente a substância. Quando, por acaso, essas escovas deixam de trabalhar alguns instantes, a substância não é convenientemente espalhada e o papel sai então com aquele aspecto que cognominaram de “marmorizado”.

Figura 01.
           Portanto, o papel marmorizado não se trata de um papel diferente, nem de filigrana curiosa, mas tão somente de defeito de fabricação ocasionado pela ma aplicação do caulim. O papel fica estriado de forma irregular que lembra o mármore. O selo produzido nesse papel defeituoso chama-se marmorizado porque quando o olhamos pelo verso vemos veios semelhantes ao do mármore.
O local da bobina com papel marmorizado não é fixo, pode ser no início, no meio ou no fim e como a bobina é entregue à Casa da Moeda pelo fabricante, não é possível desenrolá-la para verificar onde o papel ficou defeituoso. Tal papel é classificado na fábrica como “refugo”. Cumpre a Casa da Moeda, após a emissão de qualquer selo impresso neste papel, separar as folhas que tenham coincidido na parte defeituosa, incinerá-las e não colocá-las à venda com o restante da emissão.

Figura 02.

Figura 03.
Contudo, é muito difícil para os funcionários conseguir identificar uma ou mais folhas que se apresentam marmorizadas dentro de um pacote de folhas. Só o olhar atento de um filatelista seria capaz de separar as folhas que apresentam a característica de “veios de mármore” que identifica esse papel.
O defeito também pode aparecer em parte ou em toda a folha o que dificulta mais ainda a identificação.
O selo confeccionado com o papel marmorizado consiste em uma variedade que pode alcançar altos pressos no mercado filatélico e foi encontrado em alguns selos do Brasil entre o ano de 1956 até o final de 1972.
Figura 04.

Para que se tenha a ideia de valor que pode alcançar alguns selos marmorizados, basta ver o preço no catálogo RHM do bloco B 13 Y alusivo aos 50 Anos do 1º vôo do mais pesado que o Ar (Figura 01), a série aérea A 80 Y/84 Y emitido em 1956 alusiva a Exposição filatélica – Ano Santos Dumont (Figuras 03 e 04), ambos trazendo a imagem do avião 14 Bis, o bloco O 31 Y emitido em 1972 alusivo aos 50 anos da semana de arte moderna (Figura 02), e selo comemorativo normal C 384 Congresso de Presidentes dos Países Americanos no Panamá emitido em 1956 o qual mostra a esfinge do ex-Presidente brasileiro Juscelino Kubitschek de Oliveira e a variedade marmorizada C 384 Y (Figura 05).


Figura 05.
Não se sabe qual foi o motivo dos selos marmorizados terem acabado. Talvez tenha sido pelo fato da tecnologia que avançou ou pelo Governo Militar que a partir, de 1972 passaram a controlar os correios, até então sempre desempenhado por civis.









Elaborado por Lúcio Carvalho.







Bibliografia:
Clube Filatélico do Brasil – Os Selos Marmorizados Do Brasil. Por Antônio Paulo Ribeiro.
Pequeno Dicionário Filatélico – Portal do Selo. Por Ana Lúcia Loureiro Sampaio.
Você sabe o que é um selo marmorizado? Editorial – Portal do Selo. Por Ana Lúcia Loureiro Sampaio.







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Um abraço.

Lúcio Carvalho.