segunda-feira, 28 de abril de 2014

Perfins.


Chamamos de Perfins os pequenos furos em forma de letras, números ou desenho que de vez em quando aparecem em algum selo mais antigo.



Antes de todos esses meios de comunicação que temos hoje, as empresas expediam diariamente, um volume enorme de correspondência, porque toda a tratativa comercial era feita através de cartas. O telefone apesar de já ter sido inventado em 1876, não dispunha da infraestrutura para estabelecer contatos de longo alcance e até mesmo de uma cidade para outra. Para se ter uma ideia da inviabilidade do uso do telefone no uso comercial, em várias cidades do Brasil, as ligações locais até a primeira metade do século XX ainda eram feitas através de uma telefonista e uma ligação telefônica de uma cidade para outra às vezes demorava horas para completar-se.
Assim a carta era o principal veículo de comunicação utilizado no contato entre empresas e usuários ou, clientes e outros interessados. Para agilizar o serviço as empresas mantinham sempre um estoque de selos para selar a correspondência expedida a cada dia.
A Perfuração foi a primeira forma usada pelas empresas para facilitar o controle de estoques de selos. Atente, que a perfuração, nesse caso, corresponde a uma marca feita no selo e não a sua Denteação ou Picote.
A criação do selo por Rowland Hill, em 1840, logo transformou as Empresas Inglesas em grandes usuárias dessa invenção. Mas logo começaram a notar que seus estoques de selos diminuíram de modo assustador, sem dúvida em proveito de alguns funcionários pouco escrupulosos, pois, era possível revender os selos nos guichês ou então, tratava-se simplesmente dos primeiros colecionadores. Para acabar com essa situação, as empresas pediram à Administração Postal, permissão para imprimir nos selos, Marcas de Propriedade. A primeira autorização foi concedida em 1858 a Joseph Slooper, mas ele teve que aguardar ate 1868, quando a autorização oficial foi concedida pelo diretor dos correios, P. Parkhurst, para que as indústrias pudessem perfurar os selos legalmente. Logo o exemplo inglês espalhou rapidamente. Em 1872 apareceram os primeiros selos perfurados na Bélgica, e em 1876, na Suíça.
Para evitar o furto, as empresas firmavam um trato com os correios, para receberem os selos perfurados com suas iniciais ou, com algum desenho que a representasse. Os selos uma vez perfurados não serviam mais para serem vendidos ou usados de alguma outra forma; pois os correios só aceitavam transportar e entregar cartas com selos perfurados, desde que os mesmos estivessem sobre envelopes timbrados com as mesmas iniciais ou desenhos das perfurações.
Na França, as empresas fizeram a perfuração dos selos sem autorização oficial até 1873, quando a Administração Postal do País resolveu proibir esta prática, declarando que todo selo perfurado perde seu valor de franquia e a carta deve ser taxada. Entretanto, as Câmaras de Comércio solicitaram aos Correios, permissão para restabelecer esta prática.
O acordo foi firmado em 15 de novembro de 1876 com o consentimento do Ministério da Fazenda. A perfuração era aceita com certas restrições; não deveria ultrapassar um terço da superfície do selo, deveria ser feita, de preferência, na parte superior do selo, e sobretudo, não alterar o valor facial deste.
A regulamentação ficou em vigor até o ano de 1954; momento em que foram definitivamente proibidas, salvo sobre os selos fiscais.
Na Grã-Bretanha os selos postais não utilizados poderiam ser trocados por dinheiro nos correios. Por acordo com as autoridades postais, um selo Perfin em uma carta poderia ser usada apenas pelo proprietário do Perfin. Assim, um selo perfurado roubado seria de nenhum valor para o portador não autorizada. A utilização de perfins proporcionou organizações e segurança sobre a sua postagem. Contudo, a utilização generalizada de máquinas de franquia postal determinou o desaparecimento da Perfin por não mais haver a necessidade de seu uso.

Envelope circulado em 1937 WH Smith & Son contendo um selo KEVIII com um Perfin WHS.

O que antes era considerado danificado e sem o menor interesse para colecionar, hoje são muito procurados por colecionadores especializados.
As perfurações se encontram sobre a quase totalidade dos selos (correio aéreo, sobretaxa, ordinários, comemorativos, fiscais), sobre papéis timbrados, inteiros postais e cartas pneumáticas. Para não correr o risco de adquirir um perfurado de origem duvidosa, o filatelista deve sempre colecioná-lo sobre um objeto de correspondência com inscrição do nome da empresa.
A perfuração dos selos é um fenômeno postal mundial presente em 150 países ou administrações postais.
Estima-se por volta de 50.000 os tipos de perfuração. O país onde se encontra o maior número de perfurados é a Grã-Bretanha com 18.000, seguido da Alemanha com 12.000, dos Estados Unidos com 6.000, da França e suas Colônias com 3.000, da Áustria com 1.800, da Bélgica com 1.300, da Dinamarca com 1.000, enfim, três países: Itália, Países baixos e Suíça; possuem um número semelhante de perfurados com 700 selos.
No Brasil também houve o uso de selos perfurados. A prática foi utilizada pela primeira vez no Estado de São Paulo, com os selos da emissão Dom Pedro II. A perfuração continha inscrição: ZB, & Co.,iniciais da indústria Zeremer Bülaw & Co., atual Antárctica.

1866-500 réis Dom Pedro II, denteado com carimbo AUS BRASILIEN e PERFIN Z B & Co (Zerremer & Bülow.

1876. 200 réis Dom Pedro II, “percé” com PERFIN ZB & Co (Zerremer & Bülow).

1877. 200 réis Dom Pedro II, Barba Branca carimbado e com PERFIN (Perfurated Initials) ZB & Co (Zerremer & Bülow).










Elaborado por Lúcio Carvalho.



Bibliografia.
Revista Le monde des Philatelistes nº 471, de fevereiro de 1993.






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Um abraço.

Lúcio Carvalho.